Antipalavras
Poesia e microcontos

15

8/12/2013 09:37:00 PM
aquela estranha sensação:
um lugar familiar
de muitos anos atrás,
o local é o mesmo
mas você não é mais
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Dois a um

3/12/2013 05:37:00 PM
frágil braço no guidão
nada perto do da direção

um não mais vai limpar vidros
outro ainda vai levantar doses

eram quatro braços
e quase a mesma idade
mas rendas díspares
como o número que ficou

dois estavam indo trabalhar
dois estavam vindo da festa

mas não bastava
o dono de dois
ter mais
dinheiro
estudo
oportunidade

queria mais
queria ganhar em mais números
dois a dois: ainda era empate
ficou dois a um
dois braços contra um
dois advogados contra um

duas realidades contrárias
supostamente empatadas
o deixaram de ser
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Hipocondria

10/30/2012 10:57:00 PM
Só hoje tive sete doenças
gravíssimas
li exames e adoeci
comi remédios
fiz terapias
virei cadeira de rodas
e perdi a vida.

Chorei em três velórios
meus
consolei cemitérios
amigos,
sentei
em minha sepultura
e perdi a morte.

Amanhã
crio novos males
autoimunes
e autoimpostos
por medo ou culpa
irracional
de perder ou ter perdido
a vida
ou uma parte.
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13

7/16/2012 08:41:00 PM
ver-me quis o verme
dar-me diz o darma

o verme vai me ver
o darma vai ganhar

mas
não hoje
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11

9/07/2011 08:20:00 PM
um olhar é embrião de futuros
mortos ao fechar
vivos ao abrir
da mente doente
de um escritor
taxidermista
de emoções
perdidas
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Sol que sou

9/07/2011 08:07:00 PM
Amor
meu
Amon-Rá
sol inconstante
como sou

seu menor raio
difuso em nuvem
egípcia esquenta
tanto quanto
depois esfria

seu olho
seca o Nilo
e traz as chuvas

salvação e perdição
que quero para mim
toda para mim

mas não posso lacrar
sol em meu sarcófago
coração em minha tumba
que não seja só o meu

resta só aproveitar
todo o tempo sob o sol
que amo tanto
quanto sou
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10

8/30/2011 11:56:00 PM
lanço lasso o laço
tanto tato tenso
banco baço o bento
canso e caso em cento
e tantos anos

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14

8/30/2011 11:39:00 PM
estante estava no dicionário
que estava na estante

instante estava no dicionário
que fechei há instantes

bastante estava no dicionário
que usei bastante

você estava no dicionário
que tirei da estante
há poucos instantes
mas não era o bastante
somente ler você

queria encontrar
queria ver
queria beijar
você

não a palavra

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8

5/28/2011 09:21:00 AM
a música reforma sentimentos
que você nem sabia que estavam lá
acordes em sequência
e o inverno chuvoso
vira sol no rosto

a música tira da gaveta
amores antigos como luvas
de invernos passados
você pode provar em sua mão
um gostar que já passou
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7

5/28/2011 09:20:00 AM
tem muitos ossos
na sua falange
leitor
queria um
eternizar sua visita
em um colar branco
brilhante de ossinhos
em meu pescoço
de africano imaginário
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Cliente autoritário

5/28/2011 09:18:00 AM
- Seque-se e ponha uma roupa sexy!
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6

3/05/2011 12:08:00 AM
escrevo e não deveria
tirar a roupa
das palavras assim
não posso corresponder
seus olhares carentes
de compromisso
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Cantiga GLSBT

3/04/2011 11:54:00 PM
O cravo brigou com a rosa
debaixo de uma sacada.
Deixara de ser escravo
daquelas regras morais.

O cravo foi operado,
passou por vinte hospitais,
ex-cravo hoje é transformista
e casou com dois girassóis.
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Ele não é meu pai

12/08/2010 02:53:00 PM
Hoje é Natal para o consumo
e as pessoas orfãs
procuram um pai que presenteie.

Somente um responde,
com uma risada sarcástica,
que só ganha presentes
quem já os tem.

Apesar da cor do traje
ele não visita quem está no vermelho
e é conservador de nascença

Sua face rosada e simpática
é feita de hipocrisia e paliativos,
pois nunca assumiu nossa paternidade
com sua mesadinha anual.
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La volta*

12/05/2010 11:30:00 PM
a vida dança com a morte
ao som do violino do tempo
uma volta sem fim que encerra
e sempre volta ao seu começo

a vida usa um vestido
passageiro cravejado de pérolas
imperfeitas como as horas

da morte escura é sua eterna veste
repleta de rasgos refeitos
com longa cauda de dúvidas

deus e o nada assistem
de braços dados à longa dança:
e preso na melodia o homem
reza pelo fim da música


* em coautoria com Kelly Sauer
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Vandalismo

11/13/2010 07:24:00 PM
Vanda Lesmo era um molusco anárquico e transexual que adorava gosmar em monumentos esquecidos.
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simplicidade

11/13/2010 07:14:00 PM
palavras
poucas
pra larvas
muitas
cultivo na rápida
carne da vida
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chá

11/13/2010 06:53:00 PM
muitos só bebem goles
da parte mais doce
mais fria da vida
com medo da língua
queimada irritada
perdida

tolos são todos que sopram
antes da vida que sai
fumegante do seu
samovar

o amargo da borra
do fundo da xícara
de goles sofridos
quentes ou frios
já foi servido
e vivido será
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5

11/12/2010 12:03:00 PM
overdose de vida
ultimamente
mas queria mais
ser outra pessoa
todo o dia
gritar no espelho
de susto do rosto visto
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4

11/01/2010 09:43:00 PM
trocar de mim
no guarda-roupa
queria ele
tentou e voltou
ele ainda
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Disputa

9/09/2010 11:24:00 PM
- Diz, puta, onde tá meu marido?
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3

8/21/2010 10:57:00 AM
sangue são
circula
em veia
alheia

em mim
ruim
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2

8/21/2010 10:32:00 AM
saudade nunca
salda de se ter
vontade de se ver
sempre tenho
saldo de saudade
em haver
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1

8/21/2010 10:28:00 AM
admito que é mito
amar e minto
muito e tanto
que acredito
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Do analfabetismo

7/28/2010 02:57:00 PM
Analfabetos não lêem analfabetos,
mal sabem falar o título
que lhes é dado por pesquisas.

Analfabetos nunca lerão esta poesia
enquanto forem analfabetos,
coisa que todos somos de nascença.

Analfabetos podem até não gostar
de poesia, histórias, livros.
Mas se soubessem ler
ao menos teriam a escolha
de ler ou não lê-los.
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Apatia

7/28/2010 02:43:00 PM
Você não sente
o tentáculo
viscoso
morno
cinzento
da apatia
envolvendo

você
não entende
o peso de
escova
garfo
roupa
lápis
encurvando

você
não ouve
os avisos de
espelho
papel
cinto
cheque
alertando

é a falta
de vontade
de querer
fazer algo
que chega
rastejando
e fica
triunfante
enquanto você
é que rasteja
ou nem isso
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Ao soneto definitivo

7/28/2010 02:43:00 PM
Dedico longas horas ao soneto
na espera de encontrar um bom motivo.
Rimando decassílabos, prometo:
enquanto eu sonetar, estarei vivo.

Pois sigo sonetando onde eu me meto,
buscando me tornar definitivo
nos versos ou então como esqueleto,
o mais seguro e certo humano arquivo.

Mas sei que meus sonetos imaturos
esperam a nascença dos futuros
leitores que imagino em meus delírios.

O mundo lembrará de meu legado
assim como é lembrado e relembrado
aquele que viveu igual aos lírios.
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Antipalavras

Ou isso é poesia ou não é nada,
um nada absoluto que persiste
em tentar explicar tudo.

Mas um nada que não é ausência,
e sim, preenchimento ao contrário.

Assim como o mito, um nada
que é tudo, a poesia é um nada
superior ao vazio:
Antipalavra que anula a palavra comum,
resultando a realidade.

Essa é a função do poeta
equilibrar com antipalavras
um mundo construído por palavras
para que a ilusão em que todos vivem
adquira existência.

Anti-herói

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Escrevo poesias, contos e crônicas. Toco piano na banda Reino Elétron. Sou formado em Letras e faço Jornalismo na Universidade de Passo Fundo

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